04/07/2011

A ASSÍRIA NA MESOPOTÂMIA

Baixo-relevo representando
arqueiros assírios.
Os primeiros Assírios conhecidos data do tempo da primeira dinastia babilónica, mas só mil anos mais tarde começaram a adquirir uma força internacional. Eles conheciam a escrita cuneiforme e herdaram a cultura suméria e babilónica, mas é sobretudo a sua crueldade excepcional que dá origem à sua reputação. Uma escultura conhecida mostra um rei a comer copiosamente para festejar a sua vitória numa batalha importante, rodeado pelas cabeças dos reis vencidos penduradas em árvores e oscilando ao vento. Os palácios assírios eram ornamentados com baixos-relevos representando os exércitos assírios a atacar. Neles podem ver-se os defensores das cidades sitiadas em completa miséria; fugitivos escapavam pelos portões da cidade quando esta estava em chamas. Os prisioneiros eram empalados no alto de colinas: eram espetados em paus pontiagudos que trespassavam todo o seu corpo. Se
nenhum órgão vital fosse atingido, eram simplesmente abandonados até morrerem de fraqueza. Foi provavelmente este o instrumento de tortura que Haman mandou construir para Mardoqueu (livro de Ester). Não é pois de admirar que Judá e Israel estivessem aterrorizados perante o poder assírio. Algumas descobertas arqueológicas mostram-nos como estes reinos se preparavam para uma invasão assíria.
Prisioneiros são conduzidos em
cativeiro pelos Assírios.
Passagem do profeta Jonas por Nínive.
Neste contexto, o grande receio do profeta Jonas de se deslocar a Nínive, capital da Assíria, torna-se fácil de compreender. Na sua imaginação, ele já se via provavelmente encarcerado numa jaula com leões. Não era possível sair-se ileso quando alguém se deslocava à capital do império mais poderoso e mais cruel do mundo para formular algumas críticas!
A maior parte dos que estudam história antiga consideram o relato de Jonas como uma ficção. No entanto, sabemos que teve lugar uma evolução interessante durante o reinado de um dos reis assírios que viveu na época de Jonas. Como doso os povos da antiguidade, os Assírios veneravam centenas de divindades. Mas existem fortes indícios que levam a crer que eles terão passado a uma certa forma de monoteísmo durante o reinado de Adad-Nirari III no século VIII a.C. É verdade que se tratava do deus Nabu, e não do Deus de Israel. Mas esta conversão ao monoteísmo é a única nos anais da História antiga. Não temos a certeza de isto ter sido devido à obra de Jonas, mas qualquer forma é uma coincidência interessante.
Touros alados impressionantes
montavam guarda aos palácios
dos monarcas assírios.
Uma nova prática: a deportação.Os Assírios introduziram uma prática muito particular: deportavam populações inteiras para todos os cantos do seu império. O rei Tiglat-Pilésir III (conhecido na Bíblia pelo seu nome babilónico Pul) foi o seu iniciador em meados do século VIII a.C. Por essa razão, o relato bíblico, que conta a deportação de Israel depois da queda de Samaria em 722 antes da nossa era, enquadra-se perfeitamente na história assíria. A historicidade deste relato bíblico não pode mais ser posta em causa.
As esculturas monumentais nos palácios e nos templos assírios ajudam-nos a compreender melhor o que são os querubins da Bíblia. Nós não sabemos qual o aspecto dos querubins celestes. As representações assírias tinham, quanto a elas, sempre as mesmas características: um corpo de leão ou de touro, asas de águia e cabeça humana. A sua função era proteger o acesso à sala do trono e aos locais sagrados. Elas estavam lá para inspirar respeito e temor ao visitante. Os querubins da Bíblia parecem ter funções semelhantes. Eles estavam lá para guardar o acesso ao Jardim do Éden (com espadas flamejantes aterradoras). Podiam ver-se sobre os muros do templo de Salomão onde deviam inspirar respeito aos sacerdotes de serviço. Da mesma forma, o objecto mais sagrado do templo, a arca da aliança, era guardado por dois querubins.

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